sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

  
Já lá vão seis cartas embrulhadas,
em papel de seda. datada 3/4/ 1968

Neste domingo não vi,
brilho, nos teus olhos!

Falei contigo serenamente.
li, nos teus olhos melancolia, e choras-te 
disfarçadamente.
..".Falamos da família ,e do tempo."
A  minha  voz estava envergada.
O meu coração, entretecido.

No abraço que eu, te dei, senti-me triste,
um pedaço  de mim falhava,
senti-me impotente, dos valores que exijo de ti...
Perguntava-te como iam os estudos,
logo, me sossegavas, que tudo estava bem!
 
Respondias-me com desalento.
...Choras-te!
Chorei...!
 
Recordei-te pequenina, reboliça e traquina,
de trancinhas pelos ombros,
fitas coloridas, nos cabelos, saias plissadas,
sempre foste,
À minha menina vaidosa,
Que dor  senti no meu peito.
Abracei-te! 
 
Minha filha, nem palavras soltas me corriam...
nem tu me perguntavas nada.
....Como estas bonita, já mulherzinha!  

Sabes?
Em pequenina, eras o meu botão de rosa.
 Flor da Mãe, a minha Carochinha.

O teu mano, chamava-te vaidosa.

 Os dias passam, eu , não consigo sossegar,
o teu Mano dá-me tanto alento,
 fala, e fala...mas as palavras vão no vento

tenho saudades tuas! 
Já  escrevi varias cartas.
ajudam-me nas saudades, que sinto com a tua ausência  
  
É, mais uma das cartas sentidas, 
que luto com o meu egoísmo, 
do nosso tempo que passa, misturado com este momento.
O meu peito arde num soluçar desesperado.  
 Da tua Mãe.

Sempre presente, fazendo de ti uma  mulher, 
 Para a Menina dos meus olhos,
até, outra missiva eu escrever,
da tua Mãe sempre  amiga Emília.

Adoço-te com mil beijos,
minha filha querida. 

Para ti Minha Mãe.
Os teus ensinamentos
reprovei-os, muitas vezes,
injustamente !
Hoje, agradeço-te,
recordo-te,e fico imensamente grata
Até aí,
Abraço...  


   
Graça Bica.

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