sábado, 30 de maio de 2015

A tristeza

Invade as noites
de silêncio,
as nuvens carregadas de chuva, 
são como os meus olhos
depois da tempestade...
caem, lágrimas aflitas
dos meus olhos,

Não sou capaz de as suspender,
a noite traz recordações,
no quarto onde outrora
se respirava amor,
 hoje, não mais existe
o silêncio invade o ar,
o respirar fica ofegante.
o peito chora tristeza,
e o meu corpo dormente
transpira desespero,
a garganta asfixia a voz!
não poço chamar por ti,
o sonho perpetuo
junto da minha cama

Graça Bica
Ama-me
 
Com suavidade.
de tal modo intenso ,
feito ar que tudo invade,
ama-me
com sentimento,
mas que não se note ,
de tão manso,
ama-me
com coragem,
como um desafiar
da tempestade,
 sem vacilar entre o perigo,
e a rota, da felicidade, 
ama-me...
 
Graça Bica.
 

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Escrevi tantas cartas
meu amor,

Podias ler tudo,
que se passava na minha vida,
quando acabava de escrever,
o meu peito chorava por ti!
continuei a escrever anos, sem
fim...
desenhei nas folhas, as nossa bocas,
quando se beijavam,
o meu peito sangrava,
de tantos anos de solidão,
foram lágrimas derramadas,
que encharcaram,
a minha alma... 
tantas saudades de revolta,
de não caminhares ao meu lado!
queria ,morrer abraçada a ti...
Graça Bica.
Partirei
 
No alvorecer da manhã
sem despedidas,
porque sempre que despeço
choro,
prometi aos meus olhos
que não os fazia sofrer...
e ao coração, que as saudades
não existem
jamais!
amanhã não mais será igual,
nem a imagem que eu desenhei,
nem as recordações me deixam
mais felizes...
sou peregrina da vida,
caminhante no tempo,
partirei, antes do sol raiar... 
Graça Bica.
Amanhecer

A vela da manhã entrou
pelo meu quarto adentro,
com ela a luz da felicidade,
que tinha esquecido a anos atrás...
com ela entrou a brisa do mar,
os cheiros inolvidáveis,
dos tempos que eu era feliz,
as recordações da minha vida,
de mulher amada, filhos pequenos,
das brincadeiras do sorriso franco,
da ternura da vida,
da felicidade em pleno,
mitiguei tudo, com sabor a mel,
que meu coração e mente albergaram,
de décadas passados...!
guardado na caixa das recordações,

Que vivi...
outrora de mulher feliz!
o limite do tempo apagou,
a luz do quarto da felicidade,
e voltou para o horizonte,
eu, mulher amada ainda sentada
na velha cadeira de balouço
estremeci...!
o lamento do meu coração
regressou, a vela acabou,
a dúvida do momento, de dor
dos dias que teria que percorrer,
na incerteza de voltar amar...!

Graça Bica

quinta-feira, 28 de maio de 2015

As saudades

Batem na alma,
e o coração 
descompassadamente
grita o nome,
do meu amor!
não sei que dizer à saudade,
nem tão pouco, as noites
que visitam o meu corpo,
e ao som da madrugada,
que a cotovia deixa romper...
esvaziei o orgulho,
da tua ausência sem retorno,
as noites aflitas continuam
a chamar...
quero adormecer no tempo,
nas ondas no alto mar,
com a brisa, para refrescar o meu rosto,
e enxugar as lágrimas derramadas,
estou sempre ao teu lado,
nas noites curtas da solidão,
em que adormeço... 
abraçada a ti...

Graça Bica.  
Não sei como dizer-te;

Que a minha calma desaparece
na ausência dos teus passos,
minha alma perdida,
segue o rasto da tua sombra..

Caminho por entre os braços
longos da noite,
entrego-me na ausência,
ao teu corpo inventado,
começo a tocar o teu nome...

Acordo nua no silêncio,
e o amor começa a doer,
como uma rosa,
que fere com os espinhos,
rasgo os meus versos,
no gélido oceano dos teu sentidos,
e fico perdida... 

Graça Bica.
Caminhei

Silenciosamente pelos
recantos da tua vida,
paginei o teu corpo
com pedaços de mim...
todas as brincadeiras 
da meninice, do nosso crescer
acompanhou-nos,
no entardecer da reta final...!

Poderia escrever mil páginas,
não as lérias durante anos
que vivo neste sofrimento,
as manhãs, começam
e terminam com as minhas
lágrimas,
chorando por ti!
não sei descrever se é saudade?
se é falta, quê eu tenho de ti?
ou de ainda,
de tanto te querer!
Amor,

Graça Bica

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Na falésia
da minha vida,
há um segredo guardado
um nome por dizer,
um rosto por descobrir,
um abraço, ainda por separar...

Um olhar por decifrar,
que dói, ainda!
a cada minuto que se esvai,
em cada fenda
que deixa entrar,
a chuva, e o frio do sol!
só as primaveras,
onde o teu amor e o meu,
 se abraçam como roseiras bravas,
o rosto das pedras...
onde a imagem esconde de mim
o olhar por decifrar,
e o abraço por separar...

Graça Bica


   
Passei a tarde
a desenhar-te!

Pintei o caminho dos teus dias,
para que ao atravessa-lo
nenhuma pedra te ferir,
pintei a primavera,
as árvores, flores! 
pintei o teu rosto,
com as lágrimas da minha saudade,
pintei as rosas
que via no jardim, 
foi um começo de horas,
de outras vidas... 
estou cada vez mais imparcial,
imprevisível...
vivi realidades
que não mais me pertencem!
quando foi ontem,
para não ser hoje ...
quando fui outra, para
 não ser eu...
viajei por dias inventados...


Graça Bica

terça-feira, 26 de maio de 2015

A vida
sem o teu amor
é uma carta lisa sem nada para ler,
é um jogo de palavras, sem respostas!
sem o riso nos lábios,
e tua boca fechada
sem prenunciar o meu nome!
é como o céu sem estrelas,
e o universo despido sem luar!
porque me fazes tanta falta amor_?

As jarras estão vazias sem flores,
o meu coração é um lamento,
sem ver os teus olhos, cor de amêndoa.
a sorrir para os meus...
a tua ausência, faz mal a minha alma!
a vida não tem sentido,
todos os caminhos não têm fim!
vivo num campo agreste,
sem água para o adubar,
o pó segou os meus olhos
incessantes da tua procura! .
que faço da minha vida sem ti?
que alento tenho para caminhar,
despojada do teu amor!

Graça Bica
               
Se Tu não existisses
 
Porque existiria eu?
para vagar num mundo sem ti,
sem esperança, e sem lembranças,
E se tu não existisse?

Eu teria que te inventar amor,
como nascem as flores
de múltiplas cores,
como gotas de orvalho
que alimentam das matizes,

Se  tu não existisse!
eu seria, uma folha de papel,
embrulhada e adormecida
nós teus braços,
seria, somente um ponto a mais,
neste mundo que vem e que vai
e me sentia perdida!

E se tu não existisse?
eu não te encontraria
vagueava num mundo sem ti!
sem esperança e sem lembranças
eu preciso de ti!
porque te quero,
sempre junto de mim!

Graça Bica        

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Amor
Já gastei as palabres
quando te chamava amor,

Quando escrevo, não leio,
as palavras gastei-as
em todas as cartas e poemas
que escrevi...
em todos os sentimentos
que abracei,  soletrei amor... 
hoje, o tempo corre tão depressa,
mesmo que queira escrever amor,
as teclas estão gastas 
passou o tempo
o amor adormeceu,
no peito dormente!

Graça Bica



Respiro o ar
que inunda o teu corpo,
de tão afoite
é a minha vontade!
e com pressa, é minha liberdade
das horas que o vento envala
e sacode o cheiro para mim...

Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água ao amanhecer,
ao sol que queima, ao entardecer,
sabe a luz mordida, escurecida
sabe a brisa nua,
que aparece em mim...

Sabe a rosa louca, que nasce
no beiral, ao cair da noite,
sabe a pedra amarga, de agua e sal,
sabe à minha boca,
de  beijos mordidos!

Graça Bica.

domingo, 24 de maio de 2015

O sol
 
já se havia
deitado,
e tu sem chegares!
não sabia mais
o que pensar?
nem, as minhas palavras
aflitas saiam,
estavam pesarosas,
de angustia.
enquanto, o meu peito
inquieto suspirava
de saudade,
gritei o teu nome,
na escuridão
do meu leito,
os meus olhos molhados com lágrimas
adormeciam sem ti...! 
as manhãs descobriam
o meu corpo cansado 
da tua espera, 
e a noite, se ia deitar...

 Graça Bica
O Silêncio

Hoje nenhuma nota musical,
poderá viver em mim!

 Um som de um tambor,
anuncia a minha partida,
os meus olhos já não brilham,
choram dentro de mim!
anunciando, que a primavera não virá,
para iluminar o meu olhar,  

Os poemas saídos,
 da minha alma
serão recordados, no dia
que chorarem por mim,
regressarei para o exílio,
levarei comigo ,o sonho que vivi,
os projectos que deixei de cumprir,
serei elevada para os cânticos
que exaltam a beleza da noite,
partiram comigo!
o mar, o grunhido das gaivotas,
o por de sol, com o manto de oiro,
esparramado no horizonte,
da minha saudade!
os meus sentidos partirem,
e não voltaram acalentar a dor,
o mistério da vida, a ilusão do amor,
onde se faça jus a minha presença.
porque o passado morre em mim...

Graça Bica

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Luto

Fiquei lavada em lágrimas  
naquele fim de tarde!
a dor atingiu o meu peito, 
e o medo se embrenhou em mim! 
colhia flores no campo dos madrigais,
aragem esfriou,
e o meu corpo tremia,
a minha calma desapareceu,
nos cantos dos rouxinóis...

Na lagoa, o varo-lho das rãs,
enlouqueciam o meu pensar,
estava tão só, dentro de mim...
os meus aís foram levados nas nuvens
o meu sofrer tropeçou em mim.!

Enquanto chorava ninguém me ouvia!
as nuvens tardias desciam na noite, 
turvavam o luar e ninguém me via,
chorava  só, num lamento,
numa prece saída do peito sofrido,
de tanto te ter amado
um amor fugidio,
por mim reclamado,
e tanto sofrido...


Graça Bica
              

terça-feira, 19 de maio de 2015

Em todas as luas

Que meus olhos beijão,
o teu rosto esta olhar
para mim!
os teus olhos brilham,
para iluminar os meus!
o meu desassossego
labuta no meu peito,
a minha vontade de te querer
afoga-me a respiração!
tudo é lindo...
as luas anunciam as mares,
os rios transbordavam para o mar...
e eu sozinha,
deitada na areia, olhava para ti!
tu sorrias,
eu, atirava-te  beijos
soprados no vento,
abrias a tua boca para os receber,
riamos os dois, enlouquecidos
do nosso amor...
fantasiados com os sonhos,
quero repartir contigo,
em todas as luas, tuas e minhas
meu amor!  

Graça Bica
Queria
que descobrisses.

O meu rosto,
com a ternura do teu olhar,
os meus lábios trémulos
pronunciassem o teu nome!

O meu coração bate
silenciosamente!
descuidado de tantos anos
em vão...
da minha incessante procura!
já tinha, adormecido no silêncio,
da tua vida!
a minha, não coordenava a vontade
de te procurar!
as noites agasalhavam-se nos dias,
e adormeciam cansadas,
no silêncio da ilusão!
porque vieste meu amor,
descobrir o meu rosto ?
porque me deixas-te
tanto tempo dormente de ti ?
diz-me?
que me segues de perto!
que me procuras nas noites!
beijas os meus lábios. antes de adormecer!
e cobres o meu corpo,
para não esfriar,
e segues-me no teu olhar!
sem pressas!
para eu, acompanhar a tua sombra!
e nosso amor, continua na distância,
cada ano nós aproxima mais!!!

Graça Bica

domingo, 17 de maio de 2015


Os meus olhos leem.

 No silêncio, da noite,
escrevem à luz do luar
uma  guitarra toca,
as notas que escreves-te
no tempo passado,
silencia, e agoniza
a minha dor...
que se impõe
em me deixar... 
sento-me no banco do nosso jardim
debaixo da macieira
que tu próprio plantas-te!
à muitos anos passados,
cresceu uma árvore reboliça
com maças vermelhas,
cor dos meu lábios, cor de carmim,
com um sabor meloso,
e sumarento...
onde vou, para conversar
contigo...!

Graça Bica.

Escrevo

Em cada momento
que penso escrevo!
nas lágrimas, da noite,
das sombras, do teu passado,
a luz das estrelas clareiam
a minha mente..!

 Debruço-me comovida
numa prosa sentida,
transcrevo tudo,
em papel amarrotado
do baú da minha vida!
são quatro folhas errantes,
que escrevo num tempo,
sem data..!
junto ao espelho,
teu rosto!
as marcas da pele rugosa,
já, sentencia os anos
que embrulho,
em mim...

Graça Bica.
Amanheceu

Não sei como segurar
o sonho da manhã!
sei, o escrevi nas folhas de
papel. 
fiz confidências no teu ouvido,
dei-te o quarto a dizer mar...

 E gravámos na cama a
saudade.
o amor cresceu em nós, 
com a esperança
do nosso sentir,
escorria pelo corpo a liberdade,
fantasiei o amor com cheiro à

rosas,
a noite descia de braços abertos,
com ela, uma  brisa serrana...
o vento agreste feria-me a
alma!
o mistério estava entre nós!
não sei mais o que fazer?
deixei-te partir!
ficaram os teus olhos
desenhados, no travesseiro
da cama!
o lençol ficou molhado
com as tuas lágrimas...

 Graça Bica.
Caminhei só!

Parti sem rumo,
procurei as pegadas
da tua vida,
nas folhas das arvores secas,
caídas no chão,
quando se despem!
para mudar de estação
os meus olhos emergem
desespero,
ofuscam a minha orientação,
perguntei à noite
se te escondeu do frio?
chorei, lágrimas de redenção
aclamando por ti!
não sei em que dia acordei,
nem os meses
que me fizeram companhia 
abraçada aos anos de dor...
feitos de alvorada,
o amanhecer vem a ânsia
de te abraçar,
a solidão bate todos os dias
na minha porta!
Graça Bica

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Descanso

No lumiar da noite,
os pássaros deixam de cantar,
a cor do dia escurece
na mudança da hora!

O meu coração
adapta-se melhor
ao silêncio
permanente,
da tua lembrança!
ainda tenho por determinar,
novas rezões para a minha vida!
as voltas que vou redigir,
os trilhos que vou tomar! 
tornei-me afoite,
desconhecida,
em que me tornei,
não pedi contas a DEUS,
deste meu tormento,
nem destes meses que se agitam,
que se sucedem os dias
diminuindo em minutos,
se eu adormecer?
levo comigo as lembranças
de tudo que foi meu...!

Graça Bica.
Do meu silencio.


   Poema escrito 19/7/1999.



Jorram palavras,
eu comtemplo-as
demoradamente,
no meu silêncio!
esqueço-me do percurso
do tempo,
e mais palavras saem
em fuga vertiginosa
dos minutos,
se o meu amor prevalecer
no tempo,
eu louvarei as minhas mágoas
e soletrarei todas as palavras
por dizer!
venço a timidez das horas
interrompidas,
regresso fugazmente a mim,

pronunciarei o teu nome
novamente...!

Graça Bica  
 Pena noite


Naquele túnel gélido
e profundo,
onde a luz do luar
nem se adivinha,
erguia-se!
na frente dos meus passos,
o chão, de areia movediça,
o meu olhar ficou parado,
o meu corpo, tremeu de frio
e solidão! 
nem, uma esperança,
me alucinava o peito,
o caminho impossível
já traçado,
com  curvas sinuosas
que já não vejo!
estendo a minha mão,
para guiar-me sozinha
pela noite.!

Graça Bica

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Na noite

Em que o sol esvair ou,
as estrelas brincaram comigo,
a noite inundou, dê silencio 
 e vela acesa brincou,
na parede do meu quarto! 
a janela estava aberta
a noite estava serena
o calor  era ameno
era fim de Setembro!
o barulho do mar,

era musica para mim!
as estrelas brilhavam

no firmamento,
ouvia-se feito lamento
baixinho, uma voz
ao meu ouvido ,
para continua a viver... 

 eu, não pedia coisas banais,
nem me permitia usufruir

coisas impossíveis,
só um pedido fiz ....
que caminhasse ao meu lado
e sentisses o meu coração bater.

Graça Bica

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Querer-te                                      13.Maio...

É um sonho.

Que esta envolto
num nevoeiro,
dentro do meu peito,
que oscila com o meu pensamento,
quando chamo o teu nome! 
em todas as rezões
da minha vida!
tu, estas presente em mim!
quis em ti meu amor,
vingar os poentes,
abrir todos os botões de rosa
a luz do luar,
fazer tranças de sol 
com laços de aguarelas,
sublinhar o teu rosto, com lápis de seda,
para jamais te poder ferir,
envolver-te em lençol de lua cheia,
e ao fim da tarde,
adormecer-te...
no mar feito de cama de cambraia,
e depois trazer-te,
nos meus sonhos,
pujados de amor,
pudesse eu, um dia esperar
e trazer-te de volta para mim,
sem dizer-te adeus..

Graça Bica.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Encontrei-te

Numa tarde  de verão,
trazias nas mãos
os poemas que me escrevias!
nos fins de tarde,
junto ao pinhal,
a tua musica
era os grilos, e cigarras  a cantar,
e sobrevoavam
sob o charco... 
e as rás saltavam inquietas!
cheguei serena!       
tu dizias que o meu  corpo
cheirava rosmaninho,
que eu era,
as tuas primaveras, 
como as manhãs são o orvalho,
que refrescam as urzes...
entregaste-me  os poemas
perfumados, com o teu delírio
em todos os versos...

Graça Bica
No amanhecer

Dos dias
inventados,
começo, por recordar
as palavras, que só tu
me sabes dizer! 
o amor que soletras
dos teus lábios
aguados,
quando chamas
pelo nome!  
fico inquieta,
o meu peito treme
de tanto te amar...
teria tanta coisa
para te dizer?
se estivesses ao meu lado,
olhando nos teus olhos,
beijando os teus lábios sedentos,
dos nossos beijos,
meu amor...

Graça Bica.
    


  
A noite
Vem poisando,

No quarto devagar,
como quem chama,
uma voz muda,
penetra no silêncio 
do quarto escuro...
onde a vela aquece    
a palidez, da cama,  
os sons da noite adormecem
a minha alma ... 
as saudades que eu não sei
de onde veem!
trazem infortúnios
à minha visão,
que refletem na parede
do quarto!
um lamurio de gente
vindo de fora,
oiço...
a imensa da noite a soluçar...

Graça Bica.   
 

segunda-feira, 11 de maio de 2015

 Os dias

Percorrem lentos,
como são lentos
os meus dias!
o vento chora
nós meus olhos. 
enquanto morro
de frio,
as árvores descobrem
as folhas,
resguardam o meu pranto, 
eu morro
de frio,
o sol teima em aquecer-me
mas morro
de frio,
a luar reguarda o
meu corpo,
continuo a morrer
de frio,
meu corpo cai,
de frio!

Graça Bica


Passei na vida a correr.

Não sei se fugi de ti ?
se foste tu,
que me fugiste ?
passei anos a procurar-te
em todos os recantos,
e ruas, que tinha na nossa vila!

Mesmo no miradoiro
junto ao chafariz,
esperarei!
procurei-te intensamente,
em todos os homem,
que corriam apressados,
imaginava que era assim
que chegavas ao pé de mim!
no bilhete que um dia
me mandas-te,
não marcava hora,
nem dia nem ano?
como poderia dizer-te
que sentia  a tua falta! 
no silêncio, vagueio
pelas ruas de outrora,  
pensando que nunca
me deixarias...
estava enamorada de ti...

Graça Bica
 

domingo, 10 de maio de 2015

Silêncio no peito.         ( Poema, a sair no próximo livro)


Se eu tivesse
qualquer culpa do passado?
aí...
como se eu tivesse !
como  compreenderia
a minha vida agora!
como tudo se resolveria
na parede da minha alma ,
tudo serenava em minha vida,
como seria corrido este meu viver...
se eu tivesse culpa?
teria uma rezão para resolver,
as culpas do passado,
que caminham no presente,
atormentam os dias
e alongam-se  nas noites, 
se eu tivesse como as resolver!
daria a minha vida
para voltar ao teu passado,
se eu tivesse culpa?
tudo se resolveria
amor.

Graça Bica.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Havia no espaço.
 
Um vente morno,
as nuvens vagarosas
contorciam-se
no movimente,
entre o anoitecer
e o amanhecer,  
os meus olhos... 
ficavam transparentes
de lagrimas,

A janela do meu quarto,
embaciara,
com os meus suspiros,
que afogavam
o meu peito,
vi há distância uma silhueta,
esguia vinda na direção da casa,
os meus olhos cansados de esperar,
derramaram, as últimas lágrimas,
no meu peito ficou quieto,
o meu grito ficou calado,
a minha boca não se abriu 
tu passa-te no silêncio,
os meus olhos seguiram-te
até se cansarem...
deixei de ver a tua imagem,
aplaudi-te como o homem
do tempo...
guardei-te no meu olhar.!

Graça Bica.    
   
   

quinta-feira, 7 de maio de 2015

É enorme o silêncio!

Que vejo no teu rosto,
pálido e cansado,
nada me surpreende
a tua solidão
é desajustada, com a minha,
as saudades que sobrepõem 
no teu rosto magoado,
agonizam o meu olhar,
com um grito de dor!
e não deixa sair...
há qualquer coisa em ti,
que quero entender,
talvez seja a imensa vontade
de procurar os teus beijos,
mas, o teu rosto tem a tristeza
da tua alma ,
eu chego a pensar
que me faltam as lágrimas
para atravessar até ti!
amor...  
Graça Bica.   
Nestes últimos dias

A chuva anda teimosa
em deixar descobrir o sol!
os meus pensamentos ficam
descobertos para racionar,
o meu peito fica mais afoito,
o pensamento mais arredio,
as lembranças de tudo
que conversámos,
ficam despertas...

Não quero saber,
o que ficou adormecido
no teu peito!
o que o meu guardou,
desvaneceu,  
não sei qual a  rezão?
nem o porquê?
das  missivas
com o meu nome! 
gosto do meu recanto,
onde adormeço,
e não gasto a memória
de falar por falar,
a minha vida é tao minha! 
passo por ela tão devagar,
por vezes é corrida
que me desprendo dela ...!

 
 Graça Bica

terça-feira, 5 de maio de 2015

Nos dias que saio.


Para me procurar,
perco-me de ti!
a minha mente toldas-se
com mil fantasias por definir,
a primavera corre no tempo,
os dias estão quase iguais,
as manhãs despertam com sol,
orientam-me, a imensidão
o que os meus olhos podem abranger ,  
os campos floridos,
 o cuco a cantar, o vento a soprar
ao abrir a janela do meu quarto,
mesmo que as nuvens de solidão
se apoderem de mim,
eu canto alegria ,
estou enamorada de ti ...
os momentos que se fizeram meus
são os teus também...!
as nossas conversas,
pela noite adentro,
com risos e gargalhadas,
é prenuncio que estamos felizes !
caminhamos numa meta definida,
como quem caminha,
numa estrada reta,
no mesmo sentido de orientação,
com o mesmo respeito na vida,

Graça Bica


     

Promessas.

Deixaste-me iluminar
pelo brilho que irradiava,
dos teus olhos! ...
e neles adormeci,
como as lembranças que guardo
dentro de mim!
de tanta ternura, e tantos sorrisos!
encostei o meu rosto
à tua vida!
abraçaste-me com o teu silêncio
e nele permaneci!
noites dias e anos,
a descansar os meus olhos!
tanto tempo que deixas-te
de pensar em mim !
pergunto-me por onde eu fico?
se não tenho permissão de trilhar
esses caminhos?
mas esquecer-te,
já é tarde demais!


Graça Bica

domingo, 3 de maio de 2015

Não sei
qual é o meu nome?
nem ouço,
quem por mim chama!
nem os sons do vento,
eu sinto,
avisto um rio ao longe,
com uma grande correnteza, 
o meu corpo treme sedento
da água que canta no rio,  
galgando as margens apressado,  
os meus olhos choram
da distância!
o sonho correu pela liberdade,
as angústias esvaziaram o meu peito,
fiquei tão leve,  tão sozinha de mim!
que o meu corpo flutua
despido!
 

Graça Bica.
Mãe

Quero correr,
para a minha vida antiga
como se corresse, para colo da minha 
 Mãe,
queria, os doces que me davas
quando ralhavas comigo,
queria, pegar no teu braço
enrosca-lo em mim...
queria, chamar pelo teu nome.
olhar o teu sorriso,
pedir para me cantares,
aquela canção,
queria sentar-me no teu colo
enquanto brincavas com
o meu cabelo,
e contavas, a história da
joaninha,
tão linda e redondinha,
queria, correr para ti minha
Mãe,
queria pulsar na minha vida,
como feto,que precisa da barriga da sua
mãe.!
corri no tempo, apressada para
me tornar mulher,
hoje, doaria a minha idade, para
ser pequena,
e sentar-me no teu colo
Mãe.

Graça Bica.

sábado, 2 de maio de 2015

Quando o meu peito
Despertou.

Trousse  saudades, 
e as lágrimas misturaram-se,
no refúgio do meu peito, 
olho-te numa  fota,
que adorna a mesa
do meu quarto,
 adormeço  contigo,
e acordo a olhar para ti... 
senti por momentos
que estavas tão perto de mim... 
que os nossos hálitos
se misturavam,
e o teu sorriso
vinha de encontro ao meu,
conversei com o teu olhar,
contei-te o que eu fazia,    
o que meu corpo sentia,  
desde o dia que nos separamos!
vivo sozinha, neste tempo,
tão mordaz, como o desalento, sofrido feito tormento,
que o meu coração agoniza       
vejo o teu olhar perdido,
tão perdido como o meu,
sempre que olho para ti...

Graça Bica
   

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A manhã
entrou,   
pela minha janela
adentro,
estremeceu, o meu dormir,
tocava o mesmo
disco,
que toca, a dezenas de anos
 e a mesma musica,
que acorda e adormece
comigo,
não te esqueças de mim !!!
é impossível esquecer-te?
andas em mim,
todos os dias...
foste o meu único amor,
tecemos do mesmo linho,
fabricámos o mesmo amor,
adormecemos no mesmo
leito,
acordávamos na
mesma alvorada,
tu, e eu, meu amor,
Graça Bica.
Perdida
no meu mundo
abandonado,
eu quero companhia
amor!
na planície das árvores
nuas,
o silêncio torda os ouvidos
de incompreensão,
de tortura sem razão,
do desfiar vozes
ao vento...
da angústia do momento...
 ao longo a tua imagem
em mim...
desesperada no meu mundo 
inacabado.
Graça Bica.

     
Queria ser  
a tua guia
caminhasse
nos teus passos,

mergulhados
de recordações   
de braços dados,

caminhamos
na terra batida
do jardim,
 
as folhas 
desprendessem
dos braços
das arvores,

e repousam
 no chão. 
cobrem
as sombras,

de nós os dois
andantes fugindo
dos outros,     
 
para encontrar
um espaço
para nós os dois,


Graça Bica.