domingo, 3 de maio de 2015

Mãe

Quero correr,
para a minha vida antiga
como se corresse, para colo da minha 
 Mãe,
queria, os doces que me davas
quando ralhavas comigo,
queria, pegar no teu braço
enrosca-lo em mim...
queria, chamar pelo teu nome.
olhar o teu sorriso,
pedir para me cantares,
aquela canção,
queria sentar-me no teu colo
enquanto brincavas com
o meu cabelo,
e contavas, a história da
joaninha,
tão linda e redondinha,
queria, correr para ti minha
Mãe,
queria pulsar na minha vida,
como feto,que precisa da barriga da sua
mãe.!
corri no tempo, apressada para
me tornar mulher,
hoje, doaria a minha idade, para
ser pequena,
e sentar-me no teu colo
Mãe.

Graça Bica.

sábado, 2 de maio de 2015

Quando o meu peito
Despertou.

Trousse  saudades, 
e as lágrimas misturaram-se,
no refúgio do meu peito, 
olho-te numa  fota,
que adorna a mesa
do meu quarto,
 adormeço  contigo,
e acordo a olhar para ti... 
senti por momentos
que estavas tão perto de mim... 
que os nossos hálitos
se misturavam,
e o teu sorriso
vinha de encontro ao meu,
conversei com o teu olhar,
contei-te o que eu fazia,    
o que meu corpo sentia,  
desde o dia que nos separamos!
vivo sozinha, neste tempo,
tão mordaz, como o desalento, sofrido feito tormento,
que o meu coração agoniza       
vejo o teu olhar perdido,
tão perdido como o meu,
sempre que olho para ti...

Graça Bica
   

sexta-feira, 1 de maio de 2015

A manhã
entrou,   
pela minha janela
adentro,
estremeceu, o meu dormir,
tocava o mesmo
disco,
que toca, a dezenas de anos
 e a mesma musica,
que acorda e adormece
comigo,
não te esqueças de mim !!!
é impossível esquecer-te?
andas em mim,
todos os dias...
foste o meu único amor,
tecemos do mesmo linho,
fabricámos o mesmo amor,
adormecemos no mesmo
leito,
acordávamos na
mesma alvorada,
tu, e eu, meu amor,
Graça Bica.
Perdida
no meu mundo
abandonado,
eu quero companhia
amor!
na planície das árvores
nuas,
o silêncio torda os ouvidos
de incompreensão,
de tortura sem razão,
do desfiar vozes
ao vento...
da angústia do momento...
 ao longo a tua imagem
em mim...
desesperada no meu mundo 
inacabado.
Graça Bica.

     
Queria ser  
a tua guia
caminhasse
nos teus passos,

mergulhados
de recordações   
de braços dados,

caminhamos
na terra batida
do jardim,
 
as folhas 
desprendessem
dos braços
das arvores,

e repousam
 no chão. 
cobrem
as sombras,

de nós os dois
andantes fugindo
dos outros,     
 
para encontrar
um espaço
para nós os dois,


Graça Bica.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Os meus
Olhos respiram
todas as manhãs,
antes do sol raiar,
entre os abraços da neblina,
descobre um campo florido
de papoilas,
a muitos anos atrás,
colhia, para adornar o meu diário
os dias conversavam comigo
na ponta da caneta!
guardava tudo que escrevia,   
que se cruzava comigo,
nos bancos da escola,
os dias naquele tempo
desfaziam-se devagar
e as noites eram longas....
hoje, o tempo corre apressado!
há noite o sossego
invade  o meu silêncio,  
numa estante com outros
livros,
pego no meu diário,
e releio o tempo de menina    
são tantas as saudades,
que passei  naqueles anos!
e as pétalas da papoilas
adornam ainda,
as folhas do meu  diário.

Graça Bica     
Abril
Naquele fim de tarde,
os teus braços, doaram-se a mim,
foi, um abraço longo e demorado,
com palavras pronunciadas
de um bem te querer!
os nossos corpos
enamoravam de nós,
despediste-te...
com um olhar, que só nos os dois
compreendia-mos,
com beijos no sopro do vente,
com sorrisos nos lábios mordidos,

Foi, um acordar e procurar o teu corpo,
e não o encontrar,
foi, um tormento em lamento,
agonia sem respirar,
foi, a inquietação das horas a passar,
de lágrimas não contidas,
a hora do telefone tocar,
e o meu corpo paralisar...
e cair na pedra dura,
foram anos de dor e desenganos,
seguir por caminhos perdidos ...
hoje escrevo-te!
foi a rezão sem explicação...
da tua morte...

Graça Bica