terça-feira, 14 de abril de 2015

Carta tardam-te


Escrevo ao meu amor,
deixando descobrir
os caminhos, que eu passo, 
acedem-se as ruas caladas,
sempre que ouvem, o sapatear
dos meus passos...
os habitantes do inverno,
veem abrir as portas da noite,
onde aguardo por ti!
na janela, o vento a chuva
não consegue silenciar,
as vozes, que lá dentro contam histórias,
e deixam imagens, vassás pelos anos...
sentada num cadeirão,
onde o veludo se mistura,
com o cheiro forte de bolor,
como sempre, aguardo por ti!
nunca te deixei só!
no olhar mortiço, dos teus olhos, alongados...
tinhas a tristeza, espontânea no teu rosto,
os beijos que me davas, eram a minha alegria,
eu continuo, a fazer a peregrinação,
todos os fins de tarde,
antes que as candeias acendam as manhãs...
os meus pés, não possam caminhar
com sapatos desfeitos...

Continuarei mais tarde a escrever,
despeço-me da chuva de inverno....
Graça Bica.
 
Fado dedilhado

Cada lagrima que rola
dos meus olhos,
são tristezas,
do meu fado a chorar,
choram no dedilhar
da guitarra,
onde canta a saudade,
embrulhada com a tristeza,
as quadras soluçam,
a voz doí, no puxar da garganta,
quando traço o meu xaile.
decaído, nos ombros... 
a guitarra saluça,
a minha voz entoa,
as minhas lágrimas
desprende-se, dos meus olhos,
o meu coração grita,
amar assim, não há igual....
como o meu?
nos poemas que escrevo,
da saudade do fado,
as palmas entoam.
face silencio, ao fado,
 és tu, a quem eu. Amo...

Graça Bica.

  


Acordei dum sonho 
não acabado...
 
Era de um afoito,
tão, desmedido,
que acordou o meu  sonho,
tinha, percorrido o teu corpo!
com beijos fugazes, e quentes,
foste meu!
nessa noite!
abrasiva de loucuras,
desmedidas,
embriagados, amei-te tanto!  
dissemos palavras loucas,
nunca pensadas,
faladas do um vicio, fugaz...
os nossos corpos colados,   
transpiravam de prazer...
tão loucos, e realizados,
das nossas vontades, e as nossas bocas
soltavam o mesmo gemido...
a noite tornou-se longo, cansada, 
do serpentear dos corpos,
entregue ao acordar, do sonho,
 que pertenceu a nós os dois...
fomos amantes da noite...

Graça Bica.   
Preciso da calma
como me olhas,

Inquieto de desejo
quando olhas para mim!
escondo-me em ti, 
aconchego-me serena
no remansear, do teu olhar... 
quando vi o teu olhar
pela primeira vez,   
ainda sem nos conhecermos,
senti um impulso,
como já, nós tivéssemos
encontrado,
duas almas noutra vida,
tu e eu unidos!
foi tão intenso o nosso amor...
de, eternos anos...
quando me olhas-te, o meu olhar,
esperava pelo teu...

Graça Bica
   

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Queria ser o teu campo,
de milho doirado.

Estender o meu lençol de linho,
para resguardar o teu corpo,
deitado banhado pelo sol...
queria descobrir,
tudo, que há em ti! 
percorrer o teu corpo desnudo,
com as minhas mãos,
decalcando com gestos
pausados, de caricias,
beijar-te...
com os meus lábios trémulos,
e húmidos de gozo,
percorrer e saborear a tua pele
cor de canela,
ficar com o teu cheiro em mim...
fazendo de ti,
o meu porto de abrigo...
adormecer nos teus braços
cansados de nós...
das juras feitas no auge,
da nossa entrega,
em que os nossos corpos,
se fundiram num só!
ficando entrelaçados de prazer,
resguardados com o lençol de linho
confidente, do nosso amor...

 Graça Bica.
Preciso de ouvir
da tua boca.


Ao meu ouvido, 
palavras loucas,
sussurradas de prazer,
enlouquecendo, o meu corpo
de mulher...
feita uma adolescente, 
com vontade de amar
és o meu desejo mudo,
que guardo em mim,
das noites mal dormidas,
quando o meu sono és tu! 
preciso que me acarinhes,
transbordes o teu amor
enlouquecido de paixão,
seja eu?
a levada do teu rio,
onde se juntem os nossos corpos
náufragos!
desaguando na margem,
cansados, ainda enlouquecidos,
de prazer...
eu sonho contigo

Graça Bica.
 
Preciso de te falar.
pedir-te um abraço
apetecido...
delinear o teu corpo nu,
com beijos enlouquecidos
de vontades...

Sou mulher!
feita de silêncios,
de sentimentos por descobrir,
paixões por decifrar,
queria ser ousada, talvez atrevida,
poder falar, dás vontades
que o meu peito esconde...
e o meu corpo pede!!!
descobrir o manto
que me inibe de falar...
de todos os meus sonhos,
e desejos, embriagados,  
 de paixões do eu  sou...


Graça Bica.