Já lá vão seis cartas embrulhadas,
em papel de seda. datada 3/4/ 1968
Neste domingo não vi,
brilho, nos teus olhos!
Falei contigo serenamente.
li, nos teus olhos melancolia, e choras-te
disfarçadamente.
..".Falamos da família ,e do tempo."
A minha voz estava envergada.
O meu coração, entretecido.
No abraço que eu, te dei, senti-me triste,
um pedaço de mim falhava,
senti-me impotente, dos valores que exijo de ti...
Perguntava-te como iam os estudos,
logo, me sossegavas, que tudo estava bem!
Respondias-me com desalento.
...Choras-te!
Chorei...!
Recordei-te pequenina, reboliça e traquina,
de trancinhas pelos ombros,
fitas coloridas, nos cabelos, saias plissadas,
sempre foste,
À minha menina vaidosa,
Que dor senti no meu peito.
Abracei-te!
Minha filha, nem palavras soltas me corriam...
nem tu me perguntavas nada.
....Como estas bonita, já mulherzinha!
Sabes?
Em pequenina, eras o meu botão de rosa.
Flor da Mãe, a minha Carochinha.
O teu mano, chamava-te vaidosa.
Os dias passam, eu , não consigo sossegar,
o teu Mano dá-me tanto alento,
fala, e fala...mas as palavras vão no vento
tenho saudades tuas!
Já escrevi varias cartas.
ajudam-me nas saudades, que sinto com a tua ausência
É, mais uma das cartas sentidas,
que luto com o meu egoísmo,
do nosso tempo que passa, misturado com este momento.
O meu peito arde num soluçar desesperado.
Da tua Mãe.
Sempre presente, fazendo de ti uma mulher,
Para a Menina dos meus olhos,
até, outra missiva eu escrever,
da tua Mãe sempre amiga Emília.
Adoço-te com mil beijos,
minha filha querida.
Para ti Minha Mãe.
Os teus ensinamentos
reprovei-os, muitas vezes,
injustamente !
Hoje, agradeço-te,
recordo-te,e fico imensamente grata
Até aí,
Abraço...
Graça Bica.