É tão vasta a escuridão
de longos passos de distância
que demarca a vida!
As acendalhas do candeeiro de petroleiro
agasalhavam a luz do rosto,do pobre homem
entre mudos momentos de acidez,que sofria o Manuel.
Por castigo os seus pais o deixaram a merecer do tempo.
Morava num enorme casarão,
rodeado de muros majestosos que se iam desmoronando ao sabor do tempo, já muitos pedregulhos jaziam no caminho
entre passos escorregadios do musgo húmido que
rendava a caminho,
que outrora passava um carro de semana, a semana,
Era o padre que vinha celebrar a missa na capela do casarão
algumas mulheres de vestes negras, mais parecendo corvos,agasalhando as cabeça com longos mantos, fosse Inverno ou mesmo no Verão ..
Viam o padre como um Deus na terra, batiam no peito para receber a comunhão ...
Mal a missa acabava rodopiavam de línguas afiadas pregando pragas as comadres...
O silêncio fez-se noite, e meses, e sempre os mesmos olhos esculpidos naquela janela, bacia-da pelo bafo do Infeliz Manuel, que tinha nascido com uma deformação ficou anos a deriva, e só! Saia de noite e se escondia de dia ...!!!
Em terras do Alto Baldio,sobranceiro com raia de Espanha!!!...!
(reservado ao direito de autor)
Graça Bica

Caminho por entre
os braços longos da noite.
Caminho a procura
da chama,
dos teus olhos.

Caminho por incertos
instantes, e procuro...
Numa insistência
que minha alma
anda perdida por mares
de solidão.
 

Procuro,
um relógio
que me deixaste
parado no tempo.
E procuro..
A ausência vestida
na torrente dos
meus sonhos..

E os meus dias,
são marés,com barcos
sem leme,
corroídos pela solidão,
deixados no quais
abandonado ...
(reservado ao direito do autor )
Graça Bica.

Está tarde entristecia
com o nevoeiro além,
nem o regato cantava,
nem o melro nem a cotovia,
dependuras as gaiolas na laranjeira
devinha-se o fim da tarde melancólico,
a condizer com os meus olhos tristes
aguados,
como as gotas de orvalho,
caiam em pingos pesados
bailando nas folhas abundantes
da majestosa laranjeira.
Dentro de casa,
já sentada na lareira a minha Avó
cantarolava,
os olhos dela sorriam para mim
tão doces,
como doces, eram os beijos,
que ela me dava...!
(reservado ao direito do autor)
Graça Bica.

Deito-me num sonho
dentro da manhã,
translúcida como a jorrada,
de uma levada,
lentamente chega a alvorada
vinda do sol,
descendo num arco íris
a contornar o meu rosto,
suspenso no teu abraço,
que me inunda de beijos
e afagos contidos,
me pede clemência,
é hora da tua chegada,
com o teu perfil perfeito,
perdido algures no imaginário
instalo-me no sonho do horizonte
me lambes o rosto o ventre mamilos adormecidos,
rumores que se apagam is-guiam,
me fazem perder os sentidos,
de um oásis só nosso.

Feito de fios de seda
que se vão juntando,
esculpindo os nossos corpos ,
num só abençoados.
(reservado ao direito de autor)
Graça Bica.

Boa tarde ...
Minha filha lé e relé sempre que tenhas as tuas duvidas ,e a todas que precisam deste ensinamento ;
Pois com certeza algo ficará na na memoria, deixam que todos vivam em paz _________Da tua Mãe que te ama. /9/12/2OO9
Estava guardado num livro.que eu trouxe da Suíça...!

__Um dia, um discípulo foi ter com o seu mestre e confidenciou;
Mestre,tens que saber o que andam a dizer de ti.
Dizem que ...__ Espera _interrogou o mestre.
Passaste a mensagem pelas três peneira?
__ Três peneiras !?__perguntou o discípulo,espantado.
____Sim três peneiras.
Vejamos se o que me queres dizer pode passar pela primeira;
___ Tens a certeza de que é verdadeiro?
_____ Ouvi dizer.....
_____Falamos ,então da segunda,
O que me queres contar,embora não seja propriamente verdadeiro,
é qualquer coisa de bom?
Hesitou,o discípulo e respondeu;__ Não.
Parece-me que não é bom para ti!
__Adianta.
Usemos a terceira peneira ,e vejamos se é _útil o que me queres contar...
___útil?
Sinceramente ,não sei
_____Então ,escuta .__ disse o mestre.
Se o que tens para me dizer, não é verdadeiro,nem bom nem útil; ___ Eu prefiro não saber...
E tu deves aprender a estar calado, e procurar olhar com olhos de ver,o que tens na tua casa._e não entres na vida de ninguém!...
_______ Só Deus ; nós julga, e só a ele devemos dar atenção,
ao que ele envia para os nossos corações ....
Beijinho. Graça Bica

De onde vêm tu
meu amor errante?

Confundido-me com
o cheiro dos lírios
do campo.

Desta fúria de viver,
de tantas noites perdidas,
deste meu amor febril,
desta magoa ardente,
deste silêncio orquestrado,
desta fúria de te encontrar,
por caminhos sugados,
de pés sangrando,
duma procura cessante
deste meu viver.

Quantas capelas me ajoelhei?
quantas contas eu rezei
quantos pedidos eu,
fiz!...
Sabes tu meu amor ? (reservado ao direito de autor)
Graça Bica.

Quando o vento sopra,
vindo de sul,
a chuva se advinha
trás um vento cálido
e morno.

Sentada junto a portada
os pingos enviesados batem
lentamente na vidraça,
trazem um vento cálido
e morno.
Sinto. um mal estar
vindo do meu ventre!...

Estavas para nascer...
escolhi nessa hora o teu nome,
simbolizando a minha paz,
o meu refugio
que era o mar.

Um baloiçar de dor,
um aperto agudo, um grito saído ,
um jogo de mãos
de quem sabe.
uns escassos minutos
grito rouco...
um gemido meu
de felicidade.

Eras morena,
cabelo preto afoite,
sinal na cara marcado,
como o do rosto
da tua mãe!
( reservado ao direito de autor)
Graça Bica.