quinta-feira, 30 de abril de 2015

Os meus
Olhos respiram
todas as manhãs,
antes do sol raiar,
entre os abraços da neblina,
descobre um campo florido
de papoilas,
a muitos anos atrás,
colhia, para adornar o meu diário
os dias conversavam comigo
na ponta da caneta!
guardava tudo que escrevia,   
que se cruzava comigo,
nos bancos da escola,
os dias naquele tempo
desfaziam-se devagar
e as noites eram longas....
hoje, o tempo corre apressado!
há noite o sossego
invade  o meu silêncio,  
numa estante com outros
livros,
pego no meu diário,
e releio o tempo de menina    
são tantas as saudades,
que passei  naqueles anos!
e as pétalas da papoilas
adornam ainda,
as folhas do meu  diário.

Graça Bica     
Abril
Naquele fim de tarde,
os teus braços, doaram-se a mim,
foi, um abraço longo e demorado,
com palavras pronunciadas
de um bem te querer!
os nossos corpos
enamoravam de nós,
despediste-te...
com um olhar, que só nos os dois
compreendia-mos,
com beijos no sopro do vente,
com sorrisos nos lábios mordidos,

Foi, um acordar e procurar o teu corpo,
e não o encontrar,
foi, um tormento em lamento,
agonia sem respirar,
foi, a inquietação das horas a passar,
de lágrimas não contidas,
a hora do telefone tocar,
e o meu corpo paralisar...
e cair na pedra dura,
foram anos de dor e desenganos,
seguir por caminhos perdidos ...
hoje escrevo-te!
foi a rezão sem explicação...
da tua morte...

Graça Bica
 

terça-feira, 28 de abril de 2015

Na minha escrita

As dunas brancas,
que enchem de silêncio
a paisagem,
da outra parte de mim!
quem sabe um dia,
não escreverei um conto,
um poema, talvez um verso,
de tudo que pudesse ter acontecido
dentro de mim...
ouço as palavras gritando
o meu nome,
como se só eu fosse capaz,
de as libertar do silêncio,
onde estão presas,
e chamam por mim,
fazendo eco,
as palavras pavoneiam-se,
para me seduzir...
talvez seja melhor dizer,
quererem-me demais...
mas não me importa,
é o meu silêncio que escreve,
um livro com poemas,
da vida...

Graça Bica.
    

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Queria ter por perto
um rio,
onde pudesse descansar 
ler os poemas que me escrevias,
as mãos cheias para mim!
eram tão sofridos e penosos,
que o meu peito escurecia,
de agonia, do teu sofrer...
não sabia que o teu gostar,
ultrapassava o que o meu peito
sentia,
as lágrimas juntavam-se as águas do rio
eram impotentes os meus olhos
para as prender,
era comovente o teu gostar,
todo o amor que me descrevias,
não podia conter tanta dor,
que mais eu poderia fazer,
se me comovia ao ler-te!
como era difícil amar assim?
em cada palavra, que soletrava
os meus olhos guardavam
no teu peito, só para mim...
amar assim é dor...
guardada nos teus poemas.

Graça Bica.       
No ultimo fim de tarde

Que desci há praia
levava nos meus olhos,
as lágrimas do teu roste,
sentia-me triste!
caminhei pela orla do mar,
as gaivotas faziam do areal a sua manta,
o grunhir era de atenção
ao que as rodeava,
serena sem pressas...
sem dar contas os meus pensamentos,
desfazia a areia macia do meu palmilhar,
caminhava desatenta a imensidão do mar,
as ondas beijaram, os meus pés,
descuidada, deixei que as ondas
me abraça-se... 
refrescaram os meus olhos,
avistei o  teu olhar esparramado no mar,
olhando-me, e sussurrando
declamavas-me o teu amor... 
o sol banhava-se na plenitude do mar,
regressei a casa sem as tuas lágrimas... 

Graça Bica
    


Ó meu amor
quero ver-me no teu olhar,
no romancear das tuas frases,
quando me falas de amor.

E me dizes, que te faço falta,
que adoras o meu sorriso, 
e vês o meu rosto enternecida
olhar para ti.

Gosto da tua maneira de ser,
pacato e reservado,
de olhar sereno,
falando pausadamente,

Olhamos-nos olhos, nos olhos,
encadeados de ternura,
paginados de pensamentos,
de amor que cresse em mim!

Graça Bica


Ontem
Esperei por ti!
no mesmo sitio
que anos atrás me encontras-te,
sentada num banco verde
de madeira,
com o meu diário deitado
no meu colo,
a desfolhar um malmequer,
cantando baixinho,
bem me quer, mal me quer,
as lembranças rondavam entre mim
e ti!
escrevi todo meu sentir,
e relia com muita emoção,
os anos foram viajando no tempo,
continuo na mesma caminhada,
saindo para o mesmo lugar,
fazendo tudo igual,
envelheci na  idade...
mas recordações, continuam bordando
o meu coração!
sempre que releio o diário,
sentada no mesmo banco,
já envelhecido, pelas chuvas
e calor dos verãos...

Graça Bica